Dentro da Psicologia possuímos diferentes formas de entender o ser humano e intervir no sentido de tornar menor, ou mais administrável, o seu sofrimento. Essas diferentes formas são conhecidas como “abordagens psicológicas” e servem de orientação aos psicólogos, principalmente no que diz respeito à prática clínica. Elas diferem em sua estrutura, em seu saber e em seu fazer. Possuem potencialidades específicas e limitações particulares. São “vestidas” por aqueles que, em suas vidas, e em suas formas de compreenderem o mundo, identificam-se com os seus pressupostos. Apesar de diferentes entre si, acabam divergindo a um mesmo ponto: facilitar o caminho do indivíduo rumo ao aperfeiçoamento de si mesmo e da relação consigo e com o mundo.
Dentre as tantas abordagens posso citar, de forma extremamente generalista, as chamadas Psicologias Existenciais Humanistas. Em outro momento gostaria de explicar melhor sobre elas, assim como sobre as demais abordagens, mas por enquanto o que quero trazer é que essa forma de entender o ser humano e suas questões traz um forte embasamento no Existencialismo. E por isso entende que não há um à priori quando falamos sobre a existência de alguém, não há uma natureza nem uma essência, mas sim um indivíduo em constante formação e construção a partir das escolhas que realiza.
Assim sendo, o ser humano não nasce bom ou mau. Ele simplesmente nasce. Simplesmente existe. Simplesmente chega aí. E ele é livre para se tornar algo. Claro que há limitações, que há contornos, afinal, sem fronteiras nada ganha forma e, sem forma, nada tem sentido. Portanto a liberdade não deve aqui ser entendida como algo livre de quaisquer proibições, regras ou ordenamentos. Mas como as possibilidades que temos dentro da existência que existimos. Não temos asas, logo, não somos livres para voar. Assim como um passarinho não possui os mecanismos cerebrais que nós possuímos e, portanto, não tem liberdade para refletir sobre os rumos políticos de seu país. Percebe? A liberdade está, de certa forma, condicionada ao que podemos ser e fazer naquele momento, e não a algo que, porventura, sendo uma impossibilidade, acabamos idealizando de forma incontida.
O que torna o ser humano o que ele será é a interação entre os limites de seu meio e as escolhas que ele faz. E entender por essa perspectiva nos ajuda a compreender que somos capazes de construir nosso destino. Não há um “para onde ir”. Mas há um “o que construir”. Construção esta que se dá a partir dos caminhos que tomamos, das alternativas pelas quais optamos. Por vezes essas escolhas acabam incongruentes com a nossa vontade, com a nossa possibilidade e com as nossas necessidades. É quando surgem os adoecimentos, os conflitos, as dificuldades pessoais vivenciadas por tantos de nós. Resgatar a nossa possibilidade de escolher, e de escolher assertivamente, consciente do que precisamos e daquilo que temos à nossa disposição, pode ser o melhor caminho para o alívio de dores e impedimentos. Pode ser que descubramos, ao longo desse processo de autodescoberta, que a ação que temos tido no mundo tem nos encaminhado a consequências que não gostaríamos e que, só mudando tais ações, é que teremos a oportunidade de resultados diferentes – e até melhores. E assim o indivíduo assume a responsabilidade pela existência que quer viver. Toma nas mãos a liberdade que possui para se construir e reconstruir, para se fazer e refazer pelo tempo que viver.
(Texto de Amilton Júnior - @c.d.vida)
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