No final de 2023, como de costume, a Netflix
lançou uma produção natalina que, aparentemente ingênua, é capaz de nos
proporcionar uma profunda reflexão sobre a maneira como julgamos a realidade
das outras pessoas, sobretudo daquelas que dividem o mesmo teto conosco, as que
costumamos dizer que fazem parte de nossa família. O filme se chama “Trocados”,
foi um sucesso, ficando vários dias em primeiro lugar dentre os filmes mais
assistidos, então as chances de você conhecer a história são grandes! No
entanto, caso ainda não tenha assistido, vale pontuar que a premissa do filme é
até conhecida: os pais trocam de corpo com os filhos e os filhos passam a viver
no corpo dos pais. Só com esse resumo já podemos imaginar o tanto de confusão
pela qual essa família pode ter passado! Imagine, só, você tendo que voltar a
frequentar as aulas que sua filha adolescente vem tendo no ensino médio. Ou
então o seu filho ter que ocupar o seu lugar naquela reunião de empresa que
definirá o seu futuro profissional! Mas, para além de um divertido
entretenimento, como mencionei anteriormente, a produção nos faz rever alguns
conceitos sobre os quais não costumamos pensar: não sabemos como é estar no corpo do outro, vivendo a vida que ele
vive, tendo os sentimentos que ele experimenta. Por isso, e por tantos outros
motivos, precisamos evitar o julgamento e os tantos preconceitos que formamos a
respeito da vida e das pessoas.
Não paramos para pensar, mas, sendo crianças ou
adolescentes, nem imaginamos o esforço que nossos pais empenham por nos
garantir o melhor que podem. Nem mesmo sabemos o quanto eles podem se sentir
orgulhosos por sermos quem somos, embora sintamos que seus olhares são sempre
de correção e reprovação. Não que não existam pais e mães que extrapolem em
suas posturas. Mas no geral, eles nos
amam e, talvez, se pudéssemos nos enxergar através dos olhos deles,
entenderíamos todo aquele cuidado que mais parecia um zelo excessivo.
Por outro lado,
sendo nós adultos, pais ou mães, às vezes parece que nos esquecemos o quanto
ser jovem é assustador. Principalmente
durante a adolescência, aquela fase de afirmações e descobertas, aquele momento
na vida no qual nos sentimos deslocados, sem saber ao certo qual é o nosso
lugar no mundo, tendo que nos reconhecer já que perdemos a identidade infantil
e ainda não conquistamos nossa imagem adulta. Talvez, se trocássemos de corpo
com os nossos filhos por um dia que fosse, e tivéssemos que viver a rotina que
eles vivem, poderíamos perceber que, embora não sejam pressionados pelas
obrigações do trabalho ou pelos deveres de uma casa, são pressionados por si
mesmos a serem sempre os melhores. E esse “ser melhor” nem sempre é para eles.
É para os outros, e, em muitos casos, para nós, seus pais, vistos por seus
olhos como inspiração e modelo, ao mesmo tempo em que podemos parecer
inalcançáveis. Seria interessante se a
troca de corpos fosse uma realidade. Acredito que muitas discussões cessariam e
muitos desentendimentos nunca mais aconteceriam. Isso porque finalmente
teríamos visto o mundo com os olhos do outro.
O fato é que essa ideia de trocar de corpo só existe
no cinema – até agora. Mas ela já é o bastante para nos fazer compreender que, desde que nascemos, estamos acostumados
demais a olhar para a vida através dos nossos olhos, do lugar no qual estamos e
nos esquecemos que as outras pessoas possuem outros olhos para contemplarem a
vida e a experienciam de outros lugares. Isso é um motivo mais que
suficiente para exercitamos a gentileza e a compreensão. Para sermos mais
pacientes e sutis. Para que compreendamos que, sim, somos desafiados por dores, mas não somos os únicos, todas as pessoas,
sejam idosas ou crianças, lidam, diariamente, com desafios que lhes soam como
importantes e decisivos em sua caminhada. Seja você um pai ou uma mãe, ou
esteja você no lugar de filho ou filha, lembre-se de que antes de quaisquer
rótulos ou papéis sociais somos humanos, e é exatamente por isso que sentimos
dor e medo, desconforto e desprazer. Tente
imaginar como é ser o outro por um instante apenas. Talvez ele esteja
suportando dores que a você seriam insuportáveis. E o contrário também é
verdadeiro. Pensar por esse viés pode nos ajudar na construção das pessoas
melhores que almejamos ser!
(Texto de Amilton Júnior - @c.d.vida)
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