Liberdade,
escolha, responsabilidade. Eis os
componentes do que podemos chamar de tripé
existencial. Isso porque somos seres livres. Sartre já dizia que estamos
condenados à liberdade. Mas o que é liberdade? Alguns pensam que é fazer o que
se quer no momento em que se quer. O que é uma definição bastante sedutora.
Imagine, só, ser livre para simplesmente acordar em um belo dia e decidir que a
partir daquele momento não se irá nunca mais trabalhar! Não que não possamos
ter essa liberdade de escolha. Podemos. Mas não é disso que a liberdade se
trata. A liberdade está atrelada à nossa
capacidade e ao nosso direito de escolher dentro das possibilidades que a nós
se apresentam. Logo, em um sentido mais aprofundado, saindo do senso comum,
liberdade não é algo banal ou corriqueiro como fazer o que se quer. Liberdade é fazer o que se pode fazer.
Liberdade é escolher o que se pode escolher levando em consideração o campo no
qual existimos, os recursos que possuímos, as limitações que enfrentamos.
Fato é que
liberdade é o exercício do nosso poder de escolha. Mas como escolher com qualidade se nem ao menos temos clareza sobre o
que nos é possível escolher?
Porque alguns estão tão limitados em suas possibilidades existenciais que
acabam sempre nos mesmos trajetos e nos mesmos caminhos. Outros, por outro
lado, estão tão frouxos em suas visões que acreditam serem capazes de tudo e
acabam frustrados quando a vida os obriga a lidar com suas limitações. Então
exercitar a liberdade começa a parecer difícil. Isso porque tal exercício nos
convida a ampliar nossa consciência sobre o que nos é possível, ou o que
precisamos desenvolver para que se torne possível. Quando não temos essa
clareza, ou fazemos escolhas equivocadas ou ficamos paralisados diante da existência.
O que quero
dizer é que a liberdade que temos para exercitar a nossa capacidade de escolha
e construir o nosso caminho implica em responsabilidade. Precisamos responder aos nossos atos e compreender
que precisaremos bancar as consequências daquilo que escolhemos. Consequências
que podem ser satisfatórias e agradáveis, consequências que também podem ser
incômodas e dolorosas. Não podemos fugir disso. Infelizmente, no entanto,
quando no exercício de nossa liberdade de escolha, sem a compreensão do
contexto interno e externo no qual estamos mergulhados, deixamos de prestar
atenção na responsabilidade que nos aguarda. Posso escolher parar de trabalhar,
e, então, verei que minhas contas não se pagam sozinhas. Como posso escolher
trabalhar o dobro da minha capacidade, e, então, verei que dinheiro não é
garantia de saúde. Não importa o que eu escolha. Resultados virão. E eles não serão lidados por ninguém além de mim.
Mas a liberdade
continua sendo complexa porque não somos tão individuais quanto pensamos e
nossas ações – o exercício de nossa liberdade – pode acarretar em consequências
para o campo social, afinal de contas, somos seres relacionais, estamos em
relação desde que nascemos, aliás, é por causa da relação que a espécie humana
chegou onde está. Mas como que
minha escolha pode afetar alguém? Simples. Posso escolher faltar à aula, o que,
aparentemente, será um problema apenas meu. Entretanto, talvez o professor tenha
planejado uma experiência em sala de aula que precisava de todos os alunos
presentes para que duplas ou grupos fossem formados e a atividade cumprisse com
o seu propósito. Faltei. E a minha escolha acaba repercutindo na ação do
professor que precisará reformular todo o seu planejamento ou até mesmo privar
meus colegas de uma experiência que poderia enriquecer seu aprendizado*.
Percebe como que a liberdade é muito mais do que
fazer o que se quer quando se quer e da maneira que se quer?
Liberdade é
escolher com responsabilidade, compreendendo que, para tal, preciso fazer uma
leitura de mim, dos outros e do mundo a fim de entender a situação, meus
recursos, minhas limitações e possibilidades. É um exercício constante.
Cometeremos erros, é claro. Mas só nos tornaremos melhores em tal exercício
exercitando-o dia após dia com a intenção de acertarmos.
(*) Esse é um exemplo citado pela professora Luciana
Aguiar em uma aula no Gestalt Para Sempre sobre o tripé existencial.
(Texto de Amilton Júnior - @c.d.vida)
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