Escutar. Talvez muitos acreditem que o trabalho de um psicólogo se baseie apenas na escuta das palavras daquele que o procura. Não estão de todo equivocados, afinal, aqueles que se dedicam ao trabalho da psicoterapia realmente precisam escutar as pessoas que vão atrás de seu auxílio. Mas não se baseia apenas nisso. A começar pelo fato de que a Psicologia é muito ampla, de maneira que nem todo psicólogo necessariamente exerce a psicoterapia. Alguns trabalham dentro de escolas, outros estão em empresas, há aqueles que se dedicam às avaliações psicológicas, como aquelas que determinam se alguém é psicologicamente apto ou não a dirigir, e há outros que se dedicam ao universo jurídico. Enfim, o trabalho do psicólogo pode ser vasto e diverso.
Mas no que concerne à Psicologia Clínica, que talvez seja a área mais famosa, ao psicólogo não cabe apenas o ouvir das narrativas de seus clientes, mas ajudá-los a se ouvirem também. Cabe ao psicoterapeuta ajudar aquele paciente na caminhada de seu próprio caminho, percebendo-se e percebendo o mundo, tendo consciência de si e daquilo que o atravessa. Só que isso não acontece numa simples conversa e é por isso que não basta “desabafarmos” com os nossos amigos. Isso ajuda, é claro. Mas a orientação que encontramos em um profissional é diferente, é específica, e é enriquecedora ao seu próprio modo. Estão nas mãos do psicólogo instrumentos que o auxiliam na abertura do processo de autoconhecimento ao qual o cliente é convidado. Há formas de fazê-lo que levam em consideração a particularidade e a especificidade de cada pessoa. Coisas com as quais não nascemos, mas que aprendemos a desenvolver a partir de muito estudo.
Então, sim, o trabalho do psicólogo envolve a escuta, mas não apenas. Ele precisa de estudo, de aprofundamento na abordagem teórica a qual se propôs, de aperfeiçoamento na técnica que utiliza. Só que também não para aí. O trabalho do psicólogo envolve um árduo, prolongado e até intenso trabalho pessoal, para que ele aprenda a identificar os seus pontos cegos, consiga se diferenciar daquilo que lhe é trazido e, servindo momentaneamente de abrigo às dores dos outros, não seja por elas engolido. E, não, ainda não paramos aqui. Isso porque o trabalho do psicólogo também envolve a preocupação de, acompanhado por um profissional mais experiente, buscar ajuda para aqueles casos complexos que talvez despertem dificuldades até então não enfrentadas. E, para além dessas coisas, ainda há a organização de relatórios e prontuários, a preocupação em estudar cada caso particularmente, o envolvimento com os negócios administrativos e financeiros de sua clínica… E tudo isso acontece para além do escutar, sendo ainda empolgantemente trabalhoso e dispendioso.
Então, não, assim como o trabalho do psicólogo não se resume a “escutar”, ele também não pode ser desvalorizado como o é. Muitos se constrangem quando, interessados num processo psicoterapêutico, deparam-se com preços que consideram “altos” demais desconsiderando o valor que aquilo terá para as suas vidas, para o seu desenvolvimento e até mesmo toda a implicação que o “simples” trabalho de escutar causa ao psicólogo. O que é uma pena. Tudo bem que a psicoterapia, vista superficial e rapidamente, não oferece um produto concreto, palpável, que possa ser exibido, como quando compramos algo pela internet. Mas ela oferece algo que, uma vez conquistado, de nós jamais poderá ser retirado: a liberdade de uma vida autêntica. E isso, penso comigo, não há dinheiro que pague.
(Texto de Amilton Júnior - @c.d.vida)
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