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[Reflexão] Aceitação

 

Resiliência

Às vezes agimos com resistência. E não aceitamos o fato de que na vida certas coisas apenas são, sem levar em conta a nossa opinião ou os nossos desejos. As coisas simplesmente acontecem. Aparecem. Instauram-se. E mudam toda a realidade a qual estávamos tão acostumados. Tudo deixa o seu costumeiro lugar. As coisas se reconfiguram. E se nós insistirmos em ficar presos nos antigos padrões, incapazes de fluir com a vida, estaremos nos encaminhando a um sofrimento sem fim. Porque nada será como um dia foi. Resta-nos apenas entender como agora as coisas são. Para que, assim, consigamos dar um significado ao passado e sentido ao futuro.


A aceitação é um dos segredos da paz. Aceitar o que foi. Aceitar o que é. Aceitar que nem sempre teremos controle sobre algumas situações. Aceitar o lugar onde estamos. Aceitar e honrar que fomos o melhor que poderíamos ser. Resistir machuca. Entregar-se e confiar no fluxo liberta” (Wandy Luz)


Aceitar, no entanto, não é simplesmente nos conformar. Aceitar é mais do que isso. Aceitar é conseguir ressignificar cada experiência que tivemos – e que porventura ainda tenhamos – mas que terminaram, chegaram ao seu fim, ofereceram tudo o que tinha a oferecer. Porque a vida é impermanente, como já conversamos por aqui. Filósofos antigos já diziam que a única permanência da vida é a sua impermanência. As coisas mudam. Céus e terra passam. Nós também passaremos.


E quando digo que nós também passaremos não é simplesmente no sentido de passarmos pelos anos, terminarmos os nossos dias e, assim, fazermos a travessia para o outro lado. É mais que isso. Passamos todos os dias. Dizem que morremos um pouco todos os dias. O que é verdade. Gostos que eu tinha ontem, talvez hoje já não me encantem. Sonhos que antes eram a minha obsessão, talvez, com o tempo, tenham se revelado superficiais demais e dado lugar a projetos mais satisfatórios. Porque estou passando. Todos os dias. A todo instante. Passo um pouco mais a cada segundo. Ganho experiências. E aprendo algo com elas. Elas me ajudam a dar algum significado para a vida. Significado este que muda conforme vou vivendo, aprendendo, amadurecendo, seguindo esse incessante fluxo.


Resta-nos, como seres passageiros, sermos capazes de aceitar aquilo que a vida é. Aquilo que temos no momento. Aquilo que tivemos outrora. Aquilo que fomos. Aquilo que estamos sendo. Aquilo que conquistamos. Aquilo que de nossas mãos saiu. Sem julgamentos. Sem críticas. Sem aquela autocobrança desumana para que estejamos sempre no controle de tudo. Uma cobrança injusta, além de ingênua. O que é que realmente controlamos?


Aceite o fluxo da vida. Não trave o rio. Porque as águas vão se acumular. Vão se acumular. E vão se acumular. Ao ponto de ficarem furiosas demais, volumosas demais, violentas demais. Até que a barragem ceda, se rompa, transborde. E a violência da água destrua tudo o que estiver em seu caminho. Deixe ir o que não pode ficar. Deixe chegar aquilo que quer se aproximar. Aceite que a vida é essa eterna caixinha de surpresas.


(Texto de Amilton Júnior - @c.d.vida)


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