Dois
monges budistas, um com mais idade e outro mais moço, viajavam juntos numa tarde
ensolarada de verão. Ao longo do percurso, encontraram uma mulher de pose
elegante, parada, observando o rio à sua frente como se incapaz de atravessá-lo.
Imediatamente, compreendendo a impureza do rio, o monge mais velho aproximou-se
dela, tomou-a nos braços para espanto do mais jovem e a transportou para o
outro lado. A mulher esboçou uma breve gratidão e partiu. Os monges, por sua
vez, absortos no silêncio que lhes fazia companhia, prosseguiram em seu
caminho. Intrigado e cheio de questionamentos, porém, algum tempo depois o
monge mais novo não pôde mãos conter a própria curiosidade:
—
Nós, monges, não devemos ter contato com mulheres... Como pôde carregá-la?
O
mais velho, com a serenidade e tranquilidade que o caracterizavam, respondeu:
—
Eu a deixei na beira do rio. Você ainda a está carregando?
Essa
não é uma história inspiradora? Isso porque, por vezes, ficamos aprisionados
em nossa mente, no mais profundo de nossos pensamentos, a situações que
aconteceram até mesmo num passado distante e não conseguimos nos permitir ao
futuro que vem aí. Por certo o monge mais moço, inculcado com o que presenciara
e que feria aquilo que lhe ensinaram como sendo a tradição, seguiu seu caminho
desatento ao que havia para ser apreciado. Poderia ter aprendido algo. Poderia ter
sanado a curiosidade a respeito de algum assunto. Poderia até mesmo, estando ao
lado de alguém mais experiente, procurar acessar a sua sabedoria. Mas não. Passou
o caminho remoendo aquilo que vivera, cheio de julgamentos e introjeções,
incapaz de fluir com a vida.
Fazemos
isso conosco também. Ao invés de prosseguirmos em nossa caminhada contemplando
o horizonte futuro que se desenha diante dos nossos olhos, é como se ficássemos
acorrentados ao retrovisor nos questionando sobre o que aconteceu, o que
poderíamos ter feito de diferente, o que deveríamos ter evitado e o quanto
foram injustos ou algozes conosco. Enquanto isso não admiramos as
paisagens, deixamos de admirar novos sorrisos e não percebemos quando um novo abraço
a nós se disponibiliza! Apegados ao julgamento e ao passado, ficamos
privados de paz!
Não
carregue por tempo demais aquilo que só precisa ser carregado por um breve
instante. O velho monge, sábio e experiente, fluiu com a vida.
Ajudou alguém que necessitava de ajuda sem olhar para vestes ou aparências, nem
introjetos ou tradições, pois seu coração não estava naquilo. Ajudou e deixou
para trás aquela que não precisava acompanhá-lo. Seguiu em frente atento ao que
sucedia em seu caminho. Por certo perceptível quanto aos encantos da estrada. Disponível
às sabedorias que a vida pode nos oferecer no simples acontecer da natureza! Seja
como o velho monge. Não se aprisione ao que já foi, já passou. Não perca o
que vem, o que passará. Quem sabe esteja vindo aí algo que o transformará?!
(Texto
de Amilton Júnior - @c.d.vida)
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