O
mundo anda tão performático. Ou talvez sempre tenha sido assim. As pessoas
representam, atuam, mas nem sempre são. Criam uma personagem, desenvolvem
uma narrativa e passam a viver aquilo como se fosse verdade. Encenam uma
fantasia que chama a atenção. E com as redes sociais isso ficou ainda mais
evidente. Parece haver uma disputa de egos, uma competição de vidas, com
objetivo de comprovar quem tem a melhor existência. Pobres de nós que agimos
assim... Para além de ter a melhor existência, deveríamos viver da melhor
maneira aquela que existimos. Afinal, vidas são vidas, nem melhores nem
piores, importa o que fazemos das nossas!
Nessa
tendência performática, então, muitas de nossas experiências têm sucumbido a
tal exigência. Precisamos ser os melhores filhos, os melhores pais, os
melhores alunos! Precisamos ser os melhores amigos, os melhores vizinhos, os
melhores profissionais! Precisamos demonstrar que somos imbatíveis e
inalcançáveis, seja em que esfera for. Só que isso também não importa. Mais
importante que ser o melhor pai ou a melhor mãe é fazer o possível para que, a
cada dia, nossos filhos reconheçam em nosso olhar e em nossa atitude o quanto
são amados e respeitados por nós. Mais importante que ser o melhor professor,
aquele que receberá as honras ao final do curso, é, também a cada dia, mostrar
a cada estudante que por nosso caminho cruzar o quanto acreditamos em seu
potencial de se desenvolver por si mesmo! São coisas impagáveis, com
significados indescritíveis, coisas que não ganham tal magnitude se ficarmos
preocupados com a performance.
Performance
que também não pode ser nosso guia quando falamos de amor. Porque,
infelizmente, mesmo nossos relacionamentos amorosos têm sofrido com a tendência
de desejarmos pelo melhor, pelo mais bonito, pelo mais capaz de causar
repercussões. O que nos leva a focar e fixar nosso pensamento e nossa busca
naquilo que é extravagante. Naquilo que chama a atenção. Naquilo que
transmita a mensagem de surreal e inacreditável. Quantos que constroem
amores midiáticos revelados pelo tempo como totalmente superficiais? Isso
porque não existe o amor perfeito, o amor fantástico, o amor que ilude. O amor
não é sobrenatural, como já conversamos... Ele é perfeitamente humano. E,
portanto, sujeito às mazelas de nossa condição repleta de potencialidades, é
verdade, mas também constantemente ameaçada por nossas limitações. Para além
do amor perfeito, concentre-se no amor delicado.
“O
amor é sutil, leve e delicado. Se manifesta nos detalhes” (Edna Frigato)
Algo
sutil, leve e delicado não suporta as exigências do chamativo, emocionante e
impactante. O amor não precisa chamar a atenção nem
emocionar a uma plateia. E o amor não precisa impactar ninguém além daqueles
que, num olhar, ou mesmo num sorriso despretensioso, parecem ter encontrado uma
casa para suas almas. O amor não deve buscar por elogios. Nem
tapinhas nas costas. Também não pode se frustrar quando não ouvir o som de
aplausos. Talvez essas coisas aconteçam, mas sem que sejam buscadas, pois, ao
serem, não é mais amor, mas performance. E performance, sinto muito, uma
hora enjoa, torna-se previsível e cansativa: cai no marasmo até ser esquecida.
Já o amor... o amor real e verdadeiro... é nutrido e mantido. Mesmo que venham
as dificuldades e mesmo que surjam os desafios, ele persevera. Talvez não
para sempre, pois o para sempre nem mesmo existe... Mas pelo tempo que lhe for
suficiente. Pode ser que acabe... muitas coisas acabam na vida. Porém,
ao contrário da performance que deixa um vazio e uma pequenez, ele deixa a
gratidão por ter existido e a sensação do quanto é bom senti-lo...
(Texto
de Amilton Júnior - @c.d.vida)
~~~~~~~~
Salve
o blog no seu navegador e acompanhe novas reflexões sempre às terças e quintas,
a partir das 06h da manhã!
Saiba
mais:
Você
pode continuar acompanhando minhas reflexões:
-
Perfil no Instagram (@c.d.vida)
-
Página no Facebook (Coisas
da Vida)
-
Livros gratuitos (clique
aqui)
-
Ouça, ainda, o podcast Coisas da Vida no Spotify
-
E não deixe de conferir o canal Coisas da Vida no YouTube!
É sempre um prazer receber a sua atenção!
Comentários
Enviar um comentário