Conheço
pessoas que estão sempre disponíveis a cuidar de quem for preciso, a se
desdobrar em ações pelos outros, a emprestar seus ouvidos para o desabafo de
alguém, a conceder os ombros para o choro do seu próximo... Pessoas que
parecem tão fortes, capazes, que até mesmo aparentam não ter problemas, dado o
tamanho da dedicação concedida àqueles que as cercam. Pessoas que são
procuradas por aqueles que, em um momento de vulnerabilidade, de tempestade,
sabem que, naquela “fortaleza”, encontrarão um abrigo. Pessoas que não choram,
não demonstram sofrimento, que agem como se nada na vida as afetasse. E
acredito que você também conheça alguém com esse estilo de ser – talvez até
mesmo seja essa pessoa. O que nem sempre é visto, no entanto, é que essas
pessoas também sofrem, também sentem dores, também têm angústias, lamentações
e, por vezes, choram quando ninguém vê, quando nenhum ombro está disponível,
quando nenhum abraço está a poucos passos de distância para que suas almas
aflitas sejam acolhidas nos braços consoladores de alguém.
Essas
pessoas, no entanto, talvez estejam apenas reproduzindo a ideia na qual foram
levadas a acreditar de que precisavam ser mesmo fortes, de que precisavam ser
aquelas que cuidam, de que seus lamentos não importam, suas lágrimas são
vergonhosas e suas dores descabidas. Pessoas que, talvez, nunca puderam
aprender a pedir ajuda, pois, quando o fizeram, foram desdenhadas,
negligenciadas e, desde muito cedo, tiveram que aprender a ser a única fonte de
suprimento das próprias necessidades. Pessoas que, com medo da dor,
encouraçaram-se a tal ponto que o simples se sentir humano já lhes é difícil e
complicado – quando não inaceitável.
Talvez
isso não seja força. Talvez seja apenas resposta ao medo. Medo de não
ser aceito, de não ser pertencente, de não ser respeitado, de não ser admirado,
de não ser reconhecido. Medo de precisar expor a própria vulnerabilidade e,
como um dia aconteceu, tornar a ser ridicularizado por revelar sua alma.
Medo de, sendo humano, sentir aquilo que todos os humanos sentem. Medo de que o
vejam como o humano que é.
Precisamos
reconhecer a nossa condição e respeitá-la. Para além disso, precisamos refletir
e ponderar que aqueles que um dia foram nossos algozes, não são a maioria em
nossas vidas. Há pessoas dispostas a nos cuidar e amar, desde que nos
permitamos ao cuidado e ao amor. Por vezes é mais fácil ser aquele que
concede o ombro, pois isso nos traz a sensação de superioridade – ainda que não
de maneira soberba. Ao passo que, ser aquele que necessita de um ombro, pode
nos confrontar com a ideia de que somos inferiores. Mas isso é ilusão. Em um
mundo que busca produzir super-heróis e parece incentivar que sejamos cada vez
mais autossuficientes – como se isso existisse –, é corajoso reconhecer que
temos dificuldades, limitações e que necessitamos de apoio e suporte. É
honroso. E é inspirador. Isso é ter força. Força para encarar nossas mazelas,
confrontar nossos monstrinhos e dissipar nossos fantasmas. Força para abrir-se,
permitir-se a um pouco de vulnerabilidade e fragilidade, permitir que o outro
nos veja em nosso sofrimento e entenda que, não, não somos aquela figura
do sábio mestre, podemos ter muito a compartilhar, mas também precisamos que
compartilhem conosco doses de amor, de companheirismo, de parceria, de
lealdade, de fé e de esperança!
(Texto de Amilton Júnior - @c.d.vida)
AMANHÃ: Na reflexão de amanhã, dando sequência à série Verdades Necessárias, conversaremos sobre quebra de expectativas e abertura ao surpreendente! Não se esqueça de que a série também está disponível no perfil no Instagram e na página no Facebook do blog Coisas da Vida! Eu espero por você!
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