Desde que passamos a entender como a vida funciona
chegamos à conclusão de que ela acaba. E isso nos angustia. E nos angustia
porque, como já conversamos em outras ocasiões, a vida é um presente. E não
gostamos (acho que nem fazemos isso) de abrir mãos dos nossos presentes. Não
que abramos mão da vida, mas o fato é que ela é retirada de nós. O engraçado é
que não somos consultados para aqui estar e, uma vez aqui estando, não somos
consultados para deixarmos de estar. Simplesmente precisamos partir. E a partida
dói. Tanto a nossa quanto a daqueles que amamos. Nós nos compadecemos até mesmo
pela partida de pessoas que não conhecemos, mas que, ao vermos no jornal, por
exemplo, mentalizamos bons pensamentos para que aquele ser encontre o seu
caminho. É difícil lidar com a morte. É
complicado lidar com o fim.
Começamos, então, a nos questionar sobre o sentido
disso daqui. Se não somos consultados para nascer e não somos consultados para
morrer, qual é o sentido de por aqui passar? Qual é o sentido da vida? Qual é o
sentido do fim? Não sei se tenho essas respostas. Mas acho que tenho
algumas reflexões que lhe facilitem o processo de encontrar as próprias
respostas. Porque também me questiono sobre isso. E tento entender a qualquer
custo. E foi tentando que cheguei a um texto de Viktor Frankl que se chama “Sobre o Sentido da Vida”. Caso se
interesse, não espere encontrar respostas fáceis para o sentido da vida, antes
prepare-se para reflexões que o incomodarão e o farão passar a pensar por si
mesmo!
E um determinado trecho, Frankl nos diz que “o fato e somente o fato de que somos
mortais, de que nossa vida é finita, de que nosso tempo é limitado e de que
nossas possibilidades são restritas, é esse fato que faz parecer com sentido
fazer alguma coisa, aproveitar uma oportunidade e concretizá-la, realizá-la,
aproveitar e preencher o tempo. A morte significa a pressão para fazer isso. Assim, a morte representa, em primeiro
lugar, o pano de fundo em que nosso ser é precisamente um ser responsável”.
Com isso eu entendo que ele quis dizer que só decidimos, só escolhemos, só
agimos, porque temos plena consciência de que nosso tempo vai acabar. Caso
contrário, caso a vida fosse eterna, por que faríamos algo? Por que agiríamos?
Por que faríamos alguma escolha tendo tempo o bastante para deixar de escolher?
É porque acaba que a vida pede para ser
vivida. É porque acabam que as oportunidades suplicam para serem apreciadas. É
porque partimos que nos responsabilizamos pela história que queremos viver.
Mas, então, o questionamento.
Você tem sido responsável pela própria vida?
Assim, penso que existe algum sentido no fim.
Lembra-se de quando conversamos sobre o sentido da vida? E se lembra de que
refletimos que sentido nos aponta para a ideia de direção? Pois é. O sentido do fim, penso eu, está em nos
dirigir rumo à experienciar a vida por completo, conscientes de que tudo isso
vai terminar e que, portanto, não temos tempo a perder. Porque o segundo
que foi já não voltará mais. E outro segundo passou. Mais outro. E mais outro.
Segundos que não voltarão. Tempo que não poderá ser recuperado.
Mas também não
importa o tanto de tempo que vivamos se não houver qualidade de presença em
meio a esse tempo. Alguns podem
viver cem anos, sem realmente viver. Outros podem ter seus caminhos finalizados
aos vinte, mas foram capazes de experienciar o máximo de segundos possíveis com
presença autêntica, aproveitando a oportunidade para construírem algo que lhes fizesse
algum sentido. Sendo assim, Frankl continua afirmando que “ao olharmos para as coisas desse modo, fica demonstrado que, em
essência, é irrelevante o quanto dura uma vida humana. Sua longa duração está
longe de dar-lhe sentido – e sua eventual brevidade está longe de torná-la
desprovida de sentido”. E o autor conclui que “avaliamos a biografia de um ser humano concreto não pela quantidade de
páginas que a apresenta, mas simplesmente pela abundância de conteúdo que ele
contém”.
Com tudo isso, não se angustie pelo fim. Preocupe-se, antes, em chegar ao fim sem
ter passado pelo começo, sem ter produzido conteúdo. A morte é triste, eu
sei. Mas ela serve a algum propósito: despertar-nos para o fato de que é urgente viver! E viver, como
conversamos há poucos dias, trata-se de aproveitar a oportunidade para
construirmos algo. Sendo assim, não perca tempo com distrações bobas. Não se
deixe levar por ilusões fantásticas. Nem pense que para a vida valer a pena ela
deve ser vivida por centenas de anos. Não é verdade. Uma vida bem vivida é a vida que foi utilizada em sua plenitude. Tenha
tido ela vinte ou cem anos de duração. Uma vida bem vivida é aquela cuja
duração, em sua maior parte, foi apreciada por completo.
Você está apreciando a duração da sua vida?
(Texto de Amilton Júnior - @c.d.vida)
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