“O
amor pouco tem a ver com a existência física de uma pessoa. Ele está ligado a
tal ponto à essência espiritual da pessoa amada, a seu ‘ser assim’ (...) que a
sua ‘presença’ e seu ‘estar-aqui-comigo’ podem ser reais sem sua existência
física em si e independentemente de seu estar com vida” (Viktor Frankl)
Frankl,
um dos mais influentes autores dentro da Psicologia, escreveu essa passagem em
seu livro “Em Busca de Sentido” ao narrar, em uma das suas
passagens sobre os sofrimentos vividos nos campos de concentração nos quais
fora aprisionado, que lembrar-se da sua pessoa amada era um alívio em meio
ao caos e à angústia, uma forma de acalentar a própria alma, aquecer o
próprio coração e seguir em frente. Ele a mentalizava. Parecia ouvi-la.
Contemplar seu sorriso. E isso lhe dava ânimo, devolvia-lhe a esperança e a
confiança. Não precisava saber se ela estava viva ou não. Apenas sabia que
ela existia – se não para o mundo, ao menos em seu coração!
Certa
vez ouvi, e acredito que já compartilhei por aqui, que amar é amar a
existência de uma pessoa. Para além de amar o seu físico, a sua presença,
amar alguém é amar o fato de que ela existe, tem uma história, se faz sentir
independente de distâncias ou espaços, de materialidades ou concretudes. E isso
talvez nos auxilie quando precisamos passar pela dor de perder alguém. Pois,
num primeiro momento, sentimos como se aquela pessoa deixasse de existir. E
isso é doloroso. É angustiante. Como viver num mundo no qual já não temos
aquele a quem muito amamos e estimamos? Em quem encontrávamos conforto e
alento? Mas, o que não entendemos, e talvez nem mesmo consigamos parar
para pensar em meio a tantos incômodos, é que aquela pessoa pode não mais
existir para o mundo, para as outras pessoas. Mas em nós ela sempre
habitará! Estará para sempre presente! Nada poderá retirá-la de nós.
Nossas lembranças serão eternamente nossas. Nossas risadas. Nossas lágrimas.
Nossas confidências. Nossas aventuras. Nossas brincadeiras. Nossas piadas.
Nossos desabafos. Nossos conselhos. Nossos aprendizados... Tudo isso a nós é
garantido pela eternidade. E pode ser acessado quando bem quisermos. É bem
verdade que a saudade aperta. Mas ao mesmo tempo, embora com lágrimas nos
olhos, poderemos abrir um sorriso nostálgico ao nos recordarmos de algo que,
sabemos, jamais poderia ser repetido com nenhuma outra pessoa em nenhum outro
tempo – criamos algo apenas nosso!
E
isso, então, deve servir a um alerta às nossas vidas. Que estejamos
preocupados com a qualidade daquilo que vivemos com aqueles que dizemos amar.
Que não nos percamos na correria, nem na superficialidade, muito menos na
exigência por performances. Que tenhamos momentos! Que vivamos experiências! Que
a cada encontro e reencontro aqueles que estimamos conquiste um espacinho a
mais dentro de nós – espacinho no qual viverão quando os abraços não
puderem ser dados, as vozes não puderem ser ouvidas, e o compartilhar do mesmo
plano se torne uma impossibilidade. Aqueles que partem do mundo podem não
partir de nós – desde que tenhamos sido capazes de lhes oferecer uma morada.
(Texto de Amilton Júnior - @c.d.vida)
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